domingo, 22 de setembro de 2013

O Mês da Bíblia e a Liturgia da Palavra




Dizem que setembro é o mês da bíblia. Ocorre que em nossa liturgia nós não usamos a bíblia. O Concilio Vaticano II deu uma grande importância a Palavra de Deus, mas mesmo assim, nada mudou quanto aos Livros Litúrgicos.

Em nossas liturgias não usamos a Bíblia, mas sim trechos de seus livros que estão especialmente distribuídos para cada ocasião em coletâneas que chamamos de Lecionários. Os lecionários são livros funcionais, justamente por isso, não é preciso muito esforço ou conhecimento para saber qual texto é indicado para qual dia.


Usamos este livro (lecionário) o ano inteiro, mas quando chega setembro, surge um novo "Rito" (lastimável). Começa a tal de entrada da Bíblia.

Em alguns lugares entra-se com a bíblia acompanhada de uma dança ou outro gesto e depois ela é colocada em uma mesa decorada. Em outros lugares - pessoas que entendem que não usamos a bíblia em nossas celebrações - entram com o lecionário.

Sobre isso: O número 120 "d" da Instrução Geral ao Missal Romano ao falar sobre a procissão de entrada diz que o leitor, pode conduzir um pouco elevado o Evangeliário, não, porém, o lecionário. Vamos entender isso, o Evangeliário (um livro mais belo que contem os Evangelhos dos domingos, solenidades e algumas festas) é venerado de maneira especial, já o lecionário esse é apenas funcional e não recebe especial veneração.

Na missa presidida pelo bispo, ao final da proclamação
do Evangelho ele abençoa o povo com o Evangeliário.
Na foto o Papa Francisco em uma de suas missas.
O que deveríamos fazer então para destacar a Palavra de Deus no mês de Setembro – não que seja o único tempo de se destacar a Palavra de Deus – devemos fazer o que se deve fazer em todos os meses e em todas as celebrações litúrgicas, proclamar bem a Palavra, como acontecimento de salvação que é.
A mesma Instrução Geral Sobre o Missal Romano diz no número 55: A parte principal da Liturgia da Palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura e pelos cantos que ocorrem entre elas, sendo desenvolvida e concluída pela homilia, a profissão de fé e a oração universal ou dos fiéis. Nas leituras explanadas pela homilia Deus fala ao seu povo, revela o mistério da redenção e da salvação, e oferece alimento espiritual; e o próprio Cristo, por sua palavra, se acha presente no meio dos fiéis. Pelo silêncio e pelos cantos o povo se apropria dessa Palavra de Deus e a ela adere pela profissão de fé; alimentado por essa palavra, reza na oração universal pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro.

Pois bem, então tenhamos a máxima diligencia ao realizar a Liturgia da Palavra, ao escolher suas partes e ao escolher seus ministros. Para leitor é preciso ter vocação e aptidão. Uma criança pode ser graciosa e muito meiga e mesmo assim não estar pronta para proclamar a palavra e a participação da assembleia não pode ser prejudicada por seu mais puro desejo de ler em público. Um adulto mal preparado também não deve ser recebido como leitor, para ler na liturgia é preciso antes ter rezado aqueles textos e estar imbuído da mensagem que carregam.

Estes leitores devem estar de tal forma imbuídos do mistério que é anunciado através de sua voz que percebam que Deus se serve de seu ministério para falar a comunidade reunida e que por isso devem desempenhar esse oficio com toda piedade, isso inclusive se refere ao modo se vestir, falar, portar-se, até a maneira como se está de pé influencia. A Liturgia da Palavra deve toda ela ser proclamada da Mesa da Palavra (sobre a qual vale a pena fazer outra postagem) e só para exemplificar sua importância, se uma criança ou pessoa de baixa estatura for ler, não é a Mesa ou o Livro que deve ser abaixado, mas a pessoa que deve subir em alguma estrutura.

Não precisamos de penduricalhos (como coreografias e etc), precisamos celebrar bem, pois não existe catequese melhor que uma liturgia bem celebrada. Por ultimo deixemos uma dica quanto ao silêncio: A Liturgia da Palavra deve ser celebrada de tal modo que favoreça a meditação; por isso deve ser de todo evitada qualquer pressa que impeça o recolhimento. Integram-na também breves momentos de silêncio, de acordo com a assembleia reunida, pelos quais, sob a ação do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra de Deus e se prepara a resposta pela oração. Convém que tais momentos de silêncio sejam observados, por exemplo, antes de se iniciar a própria Liturgia da Palavra, após a primeira e a segunda leitura, como também após o término da homilia (Instrução Geral ao Missal Romano – 56).




Lucas Francisco Neto

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