Dizem que setembro é o mês da bíblia. Ocorre que em nossa
liturgia nós não usamos a bíblia. O Concilio Vaticano II deu uma grande
importância a Palavra de Deus, mas mesmo assim, nada mudou quanto aos Livros
Litúrgicos.
Em nossas liturgias não usamos a Bíblia, mas sim trechos
de seus livros que estão especialmente distribuídos para cada ocasião em
coletâneas que chamamos de Lecionários. Os lecionários são livros funcionais,
justamente por isso, não é preciso muito esforço ou conhecimento para saber
qual texto é indicado para qual dia.
Usamos este livro (lecionário) o ano inteiro, mas quando
chega setembro, surge um novo "Rito" (lastimável). Começa a tal de
entrada da Bíblia.
Em alguns lugares entra-se com a bíblia acompanhada de
uma dança ou outro gesto e depois ela é colocada em uma mesa decorada. Em
outros lugares - pessoas que entendem que não usamos a bíblia em nossas
celebrações - entram com o lecionário.
Sobre isso: O número 120 "d" da Instrução Geral
ao Missal Romano ao falar sobre a procissão de entrada diz que o leitor, pode
conduzir um pouco elevado o Evangeliário, não, porém, o lecionário. Vamos
entender isso, o Evangeliário (um livro mais belo que contem os Evangelhos dos
domingos, solenidades e algumas festas) é venerado de maneira especial, já o
lecionário esse é apenas funcional e não recebe especial veneração.
Na missa presidida pelo bispo, ao final da proclamação do Evangelho ele abençoa o povo com o Evangeliário. Na foto o Papa Francisco em uma de suas missas. |
O que deveríamos fazer então para destacar a Palavra de
Deus no mês de Setembro – não que seja o único tempo de se destacar a Palavra
de Deus – devemos fazer o que se deve fazer em todos os meses e em todas as
celebrações litúrgicas, proclamar bem a Palavra, como acontecimento de salvação
que é.
A mesma Instrução Geral Sobre o Missal Romano diz no
número 55: A parte principal da Liturgia da Palavra é constituída pelas
leituras da Sagrada Escritura e pelos cantos que ocorrem entre elas, sendo
desenvolvida e concluída pela homilia, a profissão de fé e a oração universal
ou dos fiéis. Nas leituras explanadas pela homilia Deus fala ao seu povo,
revela o mistério da redenção e da salvação, e oferece alimento espiritual; e o
próprio Cristo, por sua palavra, se acha presente no meio dos fiéis. Pelo
silêncio e pelos cantos o povo se apropria dessa Palavra de Deus e a ela adere
pela profissão de fé; alimentado por essa palavra, reza na oração universal
pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro.
Pois bem, então tenhamos a máxima diligencia ao realizar
a Liturgia da Palavra, ao escolher suas partes e ao escolher seus ministros.
Para leitor é preciso ter vocação e aptidão. Uma criança pode ser graciosa e
muito meiga e mesmo assim não estar pronta para proclamar a palavra e a participação
da assembleia não pode ser prejudicada por seu mais puro desejo de ler em
público. Um adulto mal preparado também não deve ser recebido como leitor, para
ler na liturgia é preciso antes ter rezado aqueles textos e estar imbuído da
mensagem que carregam.
Estes leitores devem estar de tal forma imbuídos do
mistério que é anunciado através de sua voz que percebam que Deus se serve de
seu ministério para falar a comunidade reunida e que por isso devem desempenhar
esse oficio com toda piedade, isso inclusive se refere ao modo se vestir,
falar, portar-se, até a maneira como se está de pé influencia. A Liturgia da
Palavra deve toda ela ser proclamada da Mesa da Palavra (sobre a qual vale a
pena fazer outra postagem) e só para exemplificar sua importância, se uma
criança ou pessoa de baixa estatura for ler, não é a Mesa ou o Livro que deve
ser abaixado, mas a pessoa que deve subir em alguma estrutura.
Não precisamos de penduricalhos (como coreografias e etc),
precisamos celebrar bem, pois não existe catequese melhor que uma liturgia bem
celebrada. Por ultimo deixemos uma dica quanto ao silêncio: A Liturgia da
Palavra deve ser celebrada de tal modo que favoreça a meditação; por isso deve
ser de todo evitada qualquer pressa que impeça o recolhimento. Integram-na
também breves momentos de silêncio, de acordo com a assembleia reunida, pelos
quais, sob a ação do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra de Deus e
se prepara a resposta pela oração. Convém que tais momentos de silêncio sejam
observados, por exemplo, antes de se iniciar a própria Liturgia da Palavra,
após a primeira e a segunda leitura, como também após o término da homilia
(Instrução Geral ao Missal Romano – 56).
Lucas Francisco Neto
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