quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Faça o Vermelho - Leia o Preto

Revirando as redes sociais encontrei na página do Salvem a Liturgia no facebook um texto que parece eco de minha ultima postagem, é essa consciência que desejamos que os Padres tenham, de que o Mistério que celebram não lhes pertence pessoalmente.

"Coerentemente com o que prometeram no rito da sagrada Ordenação e cada ano renovam dentro da Missa Crismal, os presbíteros presidam, «com piedade e fidelidade, a celebração dos mistérios de Cristo, especialmente o Sacrifício da Eucaristia e o sacramento da reconciliação». Não esvaziem o próprio ministério de seu significado profundo, deformando de maneira arbitrária a celebração litúrgica, seja com mudanças, com mutilações ou com acréscimos. (Instrução Redemptionis Sacramentum, 31)
Não é o Salvem a Liturgia quem diz isso. É a autoridade DA IGREJA. Por mais que um sacerdote ou um Bispo diga o contrário, a Igreja é clara: não se pode deformar a liturgia, "seja com mudanças, com mutilações ou com acréscimos", e isso é um esvaziamento do "próprio ministério" do padre. Um padre que, por exemplo, omite textos previstos na Missa, modifica outros, insere alguns demais, inventa ritos, deixa de observar as normas, deixa de usar a casula, permite "palmas" na Missa, rock, pop, Comunhão self-service, uso excessivo de ministros extraordinários da Comunhão etc, está "deformando de maneira arbitrária a celebração litúrgica".

É preciso que os padres presidam "com piedade e fidelidade". Repito: PIEDADE (sem Missas-show, sem dessacralização, sem gestos de qualquer jeito) e FIDELIDADE (sem invenção de ritos, sem mudar as palavras, sem acrescentar, sem tirar). E isso "coerentemente com o que prometeram no rito da sagrada ordenação."

É a Igreja quem assim ensina. Por que alguns padres prometem uma coisa e depois não a cumprem?

Cada sacerdote que celebra a Missa "do seu jeito" está traindo, de modo gravíssimo, o solene juramento que professou no dia de sua ordenação: observar as normas, obedecer a Igreja.

Pense nisso, senhor padre, antes da próxima reunião de sua "equipe de liturgia", em que tantos rasgam o Missal e querem substituir os milenares ritos da Igreja por suas próprias convicções e falsas criatividades.


Publicado originalmente na página do Salvem a Liturgia

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Observação Participante: O Ministério da Presidência na Solenidade de Todos os Santos

No Brasil a Solenidade de Todos os Santos e Santas de Deus (1º de novembro), quando acontece em um dia de semana é transferida para o domingo seguinte desde que esse não seja a Comemoração Obrigatória dos Fiéis Defuntos (2 de novembro). Esse Ano a celebração calhou de ocorrer no domingo 03 de novembro.

Normalmente começo dizendo onde foi a celebração observada, mas neste caso preferi omitir a informação por uma questão de covardia.

Conforme meu costume cheguei à Igreja onde seria celebrada a Eucaristia com alguma antecedência. Já quando entrei percebi uma serie de coisas que, para alguém que procura se instruir a respeito da Sagrada Liturgia, costumam incomodar bastante. Ao fundo da conversa dos fiéis era possível perceber o coro ensaiando e não estava nada afinado.

Quando o silêncio foi rompido por uma voz que rezava o Angelus (Oração costumeiramente rezada ao meio dia) eram 19h, o horário marcado para a missa. Após rezar o Angelus (sem esperar o tempo adequando para que todos pudessem responder as invocações), a mesma pessoa falou uma série de coisas que a mim pareciam não fazer sentido.

Em seguida uma segunda pessoa iniciou uma espécie de comentário ao Mistério Celebrado que foi situada no momento errado, uma vez que o Missal Romano propõe que ela seja realizada após a Saudação Presidencial (já após o inicio da celebração). Tudo isso e nem sequer havíamos iniciado a celebração.

Cantando o canto de entrada (o canto adequado para a Celebração, embora muito mal executado) iniciou-se a procissão, Cruz, LECIONÁRIO (isso mesmo Lecionário, e não o Evangeliário como preveem as regras litúrgicas), a cruz não era a do Altar (embora ao lado do Altar estivesse colocada uma Cruz processional), mas me chamou atenção que a procissão era longa preenchida por um batalhão de Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, deviam ser uns 10, para uma Assembleia que não devia passar de 500 pessoas.
Ao iniciarmos a Liturgia, o sacerdote cantou a Saudação Trinitária e eu embora sentisse falta das 6 velas do Altar e do incenso (o que marca uma solenidade como essa) cheguei a cochichar “vai ser solene”, doce engano! Seguiu-se uma sucessão de atropelos ao Ministério da Presidência na Missa Sem Diácono, como era o caso.

O Padre que presidiu se postou em Frente ao Altar de costas para este e de frente para o povo, tomando o centro que deveria ser do Altar e relegando a Sédia ao ostracismo. Todos os Ritos Iniciais foram realizados dali, quando chegou a Liturgia da Palavra ele se sentou na Sédia, meu medo foi que se sentasse nas escadas do presbitério. Durante a Homilia retomou o velho posto e teimava em colocar-se ao nível do povo, de forma que muitos não conseguiam velo. Eu me pergunto se não era para dar eco ao sentimento comum de que somos todos iguais, dificultando sistematicamente que a Assembleia perceba a diferença existem entre o Ministério de quem Preside e o Seu.

Ao iniciar o canto de Preparação das Oferendas, uma das Ministras Extraordinárias da Distribuição da Sagrada Comunhão que integrava o exercito foi quem recebeu a oferenda da comunidade e preparou o altar para a Eucaristia, desempenhando um papel que neste caso era do presidente, como não havia diácono e nem acolito instituído.

As palavras da Oração Eucarística desde o Prefácio foram proferidas mecanicamente e até com certa rapidez. Ao final da Comunhão enquanto outro ministro purificava os vasos sagrados no Altar o Presidente já se adiantava ao convite oremos. No final os avisos foram dados pelo próprio presidente (do seu posto em frente ao Altar) e não foram poucos, mas ainda sobrou tempo para procurar os aniversariantes, que por obra da Divina Providência não se apresentaram, evitando os malfadados “Parabéns” e que as duas pobres velas do Altar fossem apagadas.

O Final sem Benção Solene foi marcado pela pressa da Assembleia em se retirar, chegando a causar certo tumulto nas portas. Por fim, ficou minha sensação de que a Liturgia Católica padece de responsabilidade em fazer aquilo que a Igreja determina e minha oração sincera para que a VERDADE prevaleça sobre os mal costumes que estão se tornando regra por aqui.


(Colaboração de um leitor)

terça-feira, 24 de setembro de 2013

LEITOR: CHAMADO A PROCLAMAR AS MARAVILHAS DE DEUS

O mês de setembro (mês da Bíblia? Da Palavra de Deus? Ou da Entrada da Bíblia?) realmente está me comovendo. Quando chego nas igrejas por aí e vejo uma bela coreografia para no dizer do “comentarista” – “Acolher a Palavra de Deus” chego a sentir um frio na espinha. Geralmente fazemos um show cinematográfico que enche os olhos, mas não instrui o espírito.
 
Quando entramos com a Palavra, nada de extraordinário acontece, agora quando ELA (A PALAVRA DE DEUS) é proclamada, é Deus quem nos fala, se servindo do ministério do leitor.

O Leitor desenvolve uma ação ritual, ele se levanta do seu lugar e se dirige a Mesa da Palavra lá proclama o texto escolhido para aquela celebração. Embora seja ampla a gama de textos Bíblicos que fundamentam este ministério, no Evangelho de Lucas (4,16-20) encontramos uma bela inspiração para este ministério:

 “E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: O Espírito  do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele”.


Vejam como é bela a passagem, esta cena descreve com muita proximidade aquilo que devemos realizar em nossas Liturgias. Cada gesto tem um sentido profundo e ajudam na compreensão do todo que celebramos.

Sobre o leitor, que pode ser instituído ou reconhecido, a Instrução Geral ao Missal Romano diz no numero 99: O leitor é instituído para proferir as leituras da sagrada Escritura, exceto o Evangelho. Pode igualmente propor as intenções para a oração universal, e, faltando o salmista, proferir o salmo entre as leituras.
 
E prossegue no numero 101, na falta de leitor instituído, sejam delegados outros leigos, realmente capazes de exercerem esta função e cuidadosamente preparados para proferir as leituras da Sagrada Escritura, para que os fiéis, ao ouvirem as leituras divinas, concebam no coração um suave e vivo afeto pela Sagrada Escritura.

Leitor instituído: Geralmente os candidatos ao diaconato (transitório ou permanente) embora seja permitido instituir outros leigos (do sexo masculino) que recebem este ministério em uma cerimônia presidida pelo bispo e o recebem de forma definitiva.

Leitor reconhecido: Aqueles outros leigos que proclamam a palavra na ausência do leitor instituído. Em alguns lugares são designado por um período de tempo e recebem uma formação como é comum nestas terras aos Ministros Extraordinários da Distribuição da Sagrada Comunhão.

Atenção: Quando estiver presente o leitor instituído, ele deve proclamar ao menos uma das partes da Liturgia da Palavra.


Vejam como é importante esse ministério. O serviço que o leitor presta a comunidade é além de despertar o interesse dos demais pelos textos sagrados emprestar sua própria voz a Deus para que fale com a comunidade reunida. A pessoa consciente de sua condição ministerial, toma isso para si de tal forma que se entrega a esse serviço como um verdadeiro Vocacionado à proclamação da Palavra.


Partindo da observação e da minha própria experiência, organizei um breve método para que os leitores possam se preparar para proclamar as leituras sagradas.

PREPARAÇÃO PARA PROCLAMAR OS TEXTOS SAGRADOS NAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS:

1º Passo: Encontrar os textos Bíblicos que irão ser lidos por você durantes a celebração. Realizar a leitura orante destes textos.

LECTIO DIVINA – LEITURA ORANTE DA PALAVRA DE DEUS

A leitura orante da Bíblia, ou LECTIO DIVINA, é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir desta oração, conscientes do plano de Deus e sua vontade, podemos produzir os frutos espirituais em nossa vida.

A LECTIO DIVINA é deixar-se envolver pelo plano amoroso e libertador de Deus. Santa Teresinha do Menino Jesus dizia, em seu período de aridez espiritual, que quando os livros espirituais não lhe diziam mais nada, ela buscava no Evangelho o alimento da sua alma.

Como fazer a LECTIO DIVINA?
A LECTIO DIVINA tradicionalmente é uma oração individual, porém, podemos fazê-la em grupos. O importante é rezar com a Palavra de Deus lembrando o que dizem os bispos católicos no Concílio Vaticano II, relembrando a mais antiga tradição católica, que conhecer a Sagrada Escritura é conhecer o próprio Cristo. Os monges diziam que a LECTIO DIVINA é a escada espiritual dos monges, mas é também a de todo cristão!
Quais os passos da LECTIO DIVINA?
1) Oração inicial: Comece invocando o Espírito Santo, que nos faz conhecer e querer fazer a vontade de Deus. Reze, por exemplo, com a seguinte oração:
«Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. - Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado; e renovareis a face da terra. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com as luzes do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo Senhor nosso. Amém.»
2) Leitura da Palavra de Deus: Leia, com calma e atenção, um pequeno trecho da Bíblia (aconselhamos que nas primeiras vezes utilize-se os textos dos Evangelhos, por serem mais familiares a todos). Se for preciso, leia o texto quantas vezes forem necessárias.
Procure identificar as coisas importantes deste trecho da Bíblia: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. Você conhece algum outro trecho que seja parecido com este que leu? É importante que você identifique tudo isto com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. É um momento para conhecer e reconhecer a Boa Notícia que este trecho nos traz!
3) Meditar a Palavra de Deus: É o momento de descobrir os valores e as mensagens espirituais da Palavra de Deus: é hora de saborear a Palavra de Deus e não apenas estudá-la. Você, diante de Deus, deve confrontar este trecho com a sua vida. Feche os olhos, isto pode ajudar. É preciso concentrar-se!
4) Rezar a Palavra de Deus: Toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. É um diálogo pessoal! Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai no coração depois da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de estar com Deus e fazer a sua vontade.
5) Contemplar a Palavra: Desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença misteriosa, sim, mas sempre presença. É um momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à contemplação, louvado seja Deus! Se ele lhe dará apenas a tranqüilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você será um momento de esforço para ficar na presença de Deus, louvado seja Deus!
6) Conservar a Palavra de Deus na vida: Leve a Palavra de Deus e o fruto desta oração para a sua vida. Produza os frutos da Palavra de Deus semeada no seu coração, frutos como: paz, sorriso, decisão, caridade, bondade, etc... Não se preocupe se alguma coisa não for bem, um dos frutos da Palavra de Deus é a noção do erro e a conversão pela sua misericórdia. O importante é que a semente da Palavra de Deus produza frutos, se 30, 60 ou 100 por um... o importante é que produza, e que o Povo de Deus possa ser alimentado pelos testemunhos de fé, esperança e amor na vivência de um cristianismo sincero.
Termine com a oração do Pai Nosso, consciente de querer viver a mensagem do Reino de Deus e fazer a sua vontade.

2º Passo: Leia a leitura em voz alta como se estivesse na Igreja, e caso tenha dificuldade com alguma palavra, não tenha medo de treinar (procure o significado dela em um dicionário). Por ultimo tenha atenção a pontuação, as frases interrogativas precisam ter este tom, da mesma forma as interrogativas e assim por diante.

3º Passo: Ao chegar a Igreja procure conferir no Lecionário a leitura que irá fazer, assim você irá familiarizar com a posição das palavras.


Lucas Francisco Neto

domingo, 22 de setembro de 2013

O Mês da Bíblia e a Liturgia da Palavra




Dizem que setembro é o mês da bíblia. Ocorre que em nossa liturgia nós não usamos a bíblia. O Concilio Vaticano II deu uma grande importância a Palavra de Deus, mas mesmo assim, nada mudou quanto aos Livros Litúrgicos.

Em nossas liturgias não usamos a Bíblia, mas sim trechos de seus livros que estão especialmente distribuídos para cada ocasião em coletâneas que chamamos de Lecionários. Os lecionários são livros funcionais, justamente por isso, não é preciso muito esforço ou conhecimento para saber qual texto é indicado para qual dia.


Usamos este livro (lecionário) o ano inteiro, mas quando chega setembro, surge um novo "Rito" (lastimável). Começa a tal de entrada da Bíblia.

Em alguns lugares entra-se com a bíblia acompanhada de uma dança ou outro gesto e depois ela é colocada em uma mesa decorada. Em outros lugares - pessoas que entendem que não usamos a bíblia em nossas celebrações - entram com o lecionário.

Sobre isso: O número 120 "d" da Instrução Geral ao Missal Romano ao falar sobre a procissão de entrada diz que o leitor, pode conduzir um pouco elevado o Evangeliário, não, porém, o lecionário. Vamos entender isso, o Evangeliário (um livro mais belo que contem os Evangelhos dos domingos, solenidades e algumas festas) é venerado de maneira especial, já o lecionário esse é apenas funcional e não recebe especial veneração.

Na missa presidida pelo bispo, ao final da proclamação
do Evangelho ele abençoa o povo com o Evangeliário.
Na foto o Papa Francisco em uma de suas missas.
O que deveríamos fazer então para destacar a Palavra de Deus no mês de Setembro – não que seja o único tempo de se destacar a Palavra de Deus – devemos fazer o que se deve fazer em todos os meses e em todas as celebrações litúrgicas, proclamar bem a Palavra, como acontecimento de salvação que é.
A mesma Instrução Geral Sobre o Missal Romano diz no número 55: A parte principal da Liturgia da Palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura e pelos cantos que ocorrem entre elas, sendo desenvolvida e concluída pela homilia, a profissão de fé e a oração universal ou dos fiéis. Nas leituras explanadas pela homilia Deus fala ao seu povo, revela o mistério da redenção e da salvação, e oferece alimento espiritual; e o próprio Cristo, por sua palavra, se acha presente no meio dos fiéis. Pelo silêncio e pelos cantos o povo se apropria dessa Palavra de Deus e a ela adere pela profissão de fé; alimentado por essa palavra, reza na oração universal pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro.

Pois bem, então tenhamos a máxima diligencia ao realizar a Liturgia da Palavra, ao escolher suas partes e ao escolher seus ministros. Para leitor é preciso ter vocação e aptidão. Uma criança pode ser graciosa e muito meiga e mesmo assim não estar pronta para proclamar a palavra e a participação da assembleia não pode ser prejudicada por seu mais puro desejo de ler em público. Um adulto mal preparado também não deve ser recebido como leitor, para ler na liturgia é preciso antes ter rezado aqueles textos e estar imbuído da mensagem que carregam.

Estes leitores devem estar de tal forma imbuídos do mistério que é anunciado através de sua voz que percebam que Deus se serve de seu ministério para falar a comunidade reunida e que por isso devem desempenhar esse oficio com toda piedade, isso inclusive se refere ao modo se vestir, falar, portar-se, até a maneira como se está de pé influencia. A Liturgia da Palavra deve toda ela ser proclamada da Mesa da Palavra (sobre a qual vale a pena fazer outra postagem) e só para exemplificar sua importância, se uma criança ou pessoa de baixa estatura for ler, não é a Mesa ou o Livro que deve ser abaixado, mas a pessoa que deve subir em alguma estrutura.

Não precisamos de penduricalhos (como coreografias e etc), precisamos celebrar bem, pois não existe catequese melhor que uma liturgia bem celebrada. Por ultimo deixemos uma dica quanto ao silêncio: A Liturgia da Palavra deve ser celebrada de tal modo que favoreça a meditação; por isso deve ser de todo evitada qualquer pressa que impeça o recolhimento. Integram-na também breves momentos de silêncio, de acordo com a assembleia reunida, pelos quais, sob a ação do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra de Deus e se prepara a resposta pela oração. Convém que tais momentos de silêncio sejam observados, por exemplo, antes de se iniciar a própria Liturgia da Palavra, após a primeira e a segunda leitura, como também após o término da homilia (Instrução Geral ao Missal Romano – 56).




Lucas Francisco Neto

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Jejum e abstinência quaresmal


Precisamos conhecer bem a nossa Igreja. Estamos na quaresma e neste período a Igreja nos convida a penitência. E estão prescritos o Jejum e a abstinência.

Jejum significa, comer com frugalidade, abrir mão de uma refeição completa diária. Podem então fazer uma refeição completa e as duas intermediárias. Ou seja, abri-se mão do almoço ou do jantar. Já a Abstinência é não comer carne de animais de sangue quente (carneiro, boi, frango...). Jejum se faz na quarta de cinzas e na sexta feira Santa, enquanto a abstinência em todas as sextas feiras da quaresma.

Muitos padres de maneira equivocada têm dito que, se pode fazer abstinência de outras coisas (da própria língua, de refrigerante, televisão, doces...), pois bem, não é verdade, abstinência para a quaresma é da maneira descrita acima. No entanto, afastar-se destas ou de ainda outras praticas pode ser um bom exercício penitencial. Mas, não substitui aquilo que a Igreja prescreve.

Outra questão é que nem todos são obrigados a tais praticas. São dispensados da abstinência os menores de 14 anos, os idosos, as mulheres grávidas e os pobres que recebem essas carnes como esmola. São dispensados do Jejum os menores de 18 anos, os idosos, os doentes e as mulheres grávidas.

Outro fato importante, é que não se faz jejum nem abstinência nas solenidades, portanto nesta próxima sexta feira, Solenidade da Cátedra de Pedro, estamos dispensados da abstinência (como bem lembrou o padre Renato Paganini em sua pagina no facebook).

Lucas Neto

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Chegamos a Quaresma


Chegamos então a mais um período quaresmal. Antes de iniciar a serie que eu havia prometido sobre os sacramentos, acho importante desenvolvermos algumas orientações básicas sobre este tempo que começamos a vivenciar. Recorri a alguma orientações escritas pelo padre Renato Paganini, um sacerdote da Arquidiocese de Vitória que se destaca pelo zelo com que vive e ajuda o povo a viver a sagrada litúrgica, atualmente o mesmo acumula as funções de assessor da Pastoral Litúrgica Arquidiocesana e de chefe do Cerimonial do Arcebispado de Vitória/ES. Com alguns acréscimos meus, seguem as orientações:

- Estamos vivenciando o Ano C, o evangelista que meditamos é Lucas, o foco deste período quaresma será o penitencial. No primeiro domingo “Jesus no deserto, guiado pelo Espírito” (Fidelidade à Palavra). No segundo domingo “O rosto de Jesus muda de aparência” (Deus próximo de nós). No terceiro domingo “Se não vos converterdes, ireis morrer” (Deus não nos salva sem nós). No quarto domingo “Parábola do Pai misericordioso” (A espera pelo filho arrependido). No quinto domingo “Vai e não peques mais” (Quem não tem pecado, atire a primeira pedra).

- Por causa do caráter batismal desse tempo, podem ser feitos, de acordo com a inspiração das leituras, o rito de persignação, sem a renovação das promessas batismais (próprio para o Tempo Pascal) ou a aspersão no lugar do Ato Penitencial (Momento de Perdão).

- O Ato Penitencial pode ser desenvolvido com mais intensidade, sem, contudo, enfatizar o pecado, mas o Pai que acolhe e perdoa através de seu Filho (não é adequado ficar listando pecados).

- Neste período não cantamos o hino do Gloria, exceto em algumas solenidades.

- Alguns sinais podem receber destaque, como por exemplo, a cruz que poderá ser sempre levada em procissão, receber algum tipo de ornamentação destacando-a e, ainda, mencionada, olhada, tocada, incensada no começo da celebração.

- O gesto de ajoelhar-se também encontrado espaço adequado nesse tempo, principalmente durante o Ato Penitencial.

- Todo cuidado para a proclamação das leituras. Um das características desse tempo é a escuta mais atenta da Palavra.

- Não se deve usar nunca “Aleluia” nesse tempo para diferenciá-lo do Tempo Pascal, onde se canta o “Aleluia” como sinal de festividade.

- Não seria interessante reservar o acendimento solene da vela para o tempo Pascal, de modo a valorizar o Círio Pascal? Assim, ele não será visto como uma vela comum, mas um sinal com significado superior a uma simples vela.

- Moderação no uso dos instrumentos musicais, dando sobriedade a execução dos hinos, de modo que na Páscoa possa se sentir mais forte a vibração dos cantos.

- Nas celebrações da palavra o abraço da paz pode ser dado, algumas vezes, depois do Ato Penitencial, aspersão ou persignação como abraço de reconciliação.

-Neste período a Igreja no Brasil vivencia a Campanha da Fraternidade, um auxilio em nosso itinerário de conversão, que de forma alguma deve-se impor a liturgia e tornar-se maior que o ritmo do tempo Quaresma.

- O hino da campanha da fraternidade pode ser usado em um momento adequado da celebração. Não precisa ser executado sempre, mas oportunamente.

- Em alguns momentos é importante valorizar o cartaz da CF ou algum sinal que lembre o tema. Não realizar momentos como apêndice, mas no contexto da celebração, para que não pareça algo a parte do que se está celebrando.

- Nesse período não é permitido ornamentar com flores, exceto no IV Domingo, quando também se usa paramentos de cor rosa.
- Incentivar a busca pelo sacramento da reconciliação, peregrinações, o jejum, a abstinência e práticas de caridade.

- Preparar, de acordo com a agenda paroquial, as celebrações penitenciais.

Lucas Francisco Neto
Comissão Arquidiocesana de Liturgia
Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo

Tendo como base, material disponibilizado por: Padre Renato de Jesus Paganini (Assessor da Pastoral Litúrgica da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo e Chefe do Cerimonial do Arcebispado)


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Queremos tocar a hóstia.




Nós agentes da pastoral litúrgica precisamos intervir imediatamente no processo de construção da fé. As pessoas não podem pensar que são católicas, elas precisam ser. Para tanto é necessário conhecer a fé. Não se abraça uma fé que não se conhece.


Precisamos promover uma profunda catequese sobre a Eucaristia. Surgiu em nosso meio um verdadeiro "fetiche" por tocar a hóstia consagrada (geralmente colocada em um belo Ostensório), nada contra a prática da adoração, mas o que vale mais? Sacrifício ou vítima?


Hóstia significa vítima, o que faz com que a vítima signifique alguma coisa é o sacrifício para o qual ela está destinada. Se podemos tomar parte do sacrifício perfeito de Jesus Cristo, realizado (perenemente) no Sacramento dos Sacramentos, então porque depois temos que ficar em busca de tocar a hóstia como se fosse algo mágico?


O milagre que esperamos vai acontecer quando entendermos a vontade de Deus. Quando aprendermos a conformar a nossa vida a vida de Jesus Cristo. Garanto seremos melhores Católicos se compreendermos a Igreja.


A adoração Eucarística tem o seu lugar e a sua importância. Mas definitivamente não é a a Santa Missa que significa muito mais que qualquer devoção, pois nela (como sacramento) se realiza (não se representa) em sua totalidade o Mistério de Cristo.


Lucas Neto
(Publicado originalmente no facebook)