terça-feira, 5 de novembro de 2013

Observação Participante: O Ministério da Presidência na Solenidade de Todos os Santos

No Brasil a Solenidade de Todos os Santos e Santas de Deus (1º de novembro), quando acontece em um dia de semana é transferida para o domingo seguinte desde que esse não seja a Comemoração Obrigatória dos Fiéis Defuntos (2 de novembro). Esse Ano a celebração calhou de ocorrer no domingo 03 de novembro.

Normalmente começo dizendo onde foi a celebração observada, mas neste caso preferi omitir a informação por uma questão de covardia.

Conforme meu costume cheguei à Igreja onde seria celebrada a Eucaristia com alguma antecedência. Já quando entrei percebi uma serie de coisas que, para alguém que procura se instruir a respeito da Sagrada Liturgia, costumam incomodar bastante. Ao fundo da conversa dos fiéis era possível perceber o coro ensaiando e não estava nada afinado.

Quando o silêncio foi rompido por uma voz que rezava o Angelus (Oração costumeiramente rezada ao meio dia) eram 19h, o horário marcado para a missa. Após rezar o Angelus (sem esperar o tempo adequando para que todos pudessem responder as invocações), a mesma pessoa falou uma série de coisas que a mim pareciam não fazer sentido.

Em seguida uma segunda pessoa iniciou uma espécie de comentário ao Mistério Celebrado que foi situada no momento errado, uma vez que o Missal Romano propõe que ela seja realizada após a Saudação Presidencial (já após o inicio da celebração). Tudo isso e nem sequer havíamos iniciado a celebração.

Cantando o canto de entrada (o canto adequado para a Celebração, embora muito mal executado) iniciou-se a procissão, Cruz, LECIONÁRIO (isso mesmo Lecionário, e não o Evangeliário como preveem as regras litúrgicas), a cruz não era a do Altar (embora ao lado do Altar estivesse colocada uma Cruz processional), mas me chamou atenção que a procissão era longa preenchida por um batalhão de Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, deviam ser uns 10, para uma Assembleia que não devia passar de 500 pessoas.
Ao iniciarmos a Liturgia, o sacerdote cantou a Saudação Trinitária e eu embora sentisse falta das 6 velas do Altar e do incenso (o que marca uma solenidade como essa) cheguei a cochichar “vai ser solene”, doce engano! Seguiu-se uma sucessão de atropelos ao Ministério da Presidência na Missa Sem Diácono, como era o caso.

O Padre que presidiu se postou em Frente ao Altar de costas para este e de frente para o povo, tomando o centro que deveria ser do Altar e relegando a Sédia ao ostracismo. Todos os Ritos Iniciais foram realizados dali, quando chegou a Liturgia da Palavra ele se sentou na Sédia, meu medo foi que se sentasse nas escadas do presbitério. Durante a Homilia retomou o velho posto e teimava em colocar-se ao nível do povo, de forma que muitos não conseguiam velo. Eu me pergunto se não era para dar eco ao sentimento comum de que somos todos iguais, dificultando sistematicamente que a Assembleia perceba a diferença existem entre o Ministério de quem Preside e o Seu.

Ao iniciar o canto de Preparação das Oferendas, uma das Ministras Extraordinárias da Distribuição da Sagrada Comunhão que integrava o exercito foi quem recebeu a oferenda da comunidade e preparou o altar para a Eucaristia, desempenhando um papel que neste caso era do presidente, como não havia diácono e nem acolito instituído.

As palavras da Oração Eucarística desde o Prefácio foram proferidas mecanicamente e até com certa rapidez. Ao final da Comunhão enquanto outro ministro purificava os vasos sagrados no Altar o Presidente já se adiantava ao convite oremos. No final os avisos foram dados pelo próprio presidente (do seu posto em frente ao Altar) e não foram poucos, mas ainda sobrou tempo para procurar os aniversariantes, que por obra da Divina Providência não se apresentaram, evitando os malfadados “Parabéns” e que as duas pobres velas do Altar fossem apagadas.

O Final sem Benção Solene foi marcado pela pressa da Assembleia em se retirar, chegando a causar certo tumulto nas portas. Por fim, ficou minha sensação de que a Liturgia Católica padece de responsabilidade em fazer aquilo que a Igreja determina e minha oração sincera para que a VERDADE prevaleça sobre os mal costumes que estão se tornando regra por aqui.


(Colaboração de um leitor)

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